quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Édipo


“Laio, rei de Tebas, foi advertido por um oráculo de que haveria perigo para sua vida e seu trono se crescesse seu filho recém-nascido. Ele, então, entregou a criança a um pastor, com ordem de que fosse morta. O pastor, porém, levado pela piedade, e, ao mesmo tempo, não se atrevendo a desobedecer inteiramente à ordem recebida, amarrou a criança pelos pés e deixou-a pendendo do ramo de uma árvore. O menino foi encontrado por um camponês, que o levou a seus patrões. O casal adotou a criança, que recebeu o nome de Édipo, ou Pés-Distendidos.
Muitos anos depois, quando Laio se dirigia para Delfos, acompanhado apenas de um servo, encontrou-se, numa estrada muito estreita, com um jovem que também dirigia um carro. Como este se recusasse a obedecer à ordem de afastar-se do caminho, o servo matou um de seus cavalos, e o estranho, furioso, matou Laio e o servo. O jovem era Édipo que, desse modo, se tornou o assassino involuntário do próprio pai.
Pouco depois desse fato, a cidade de Tebas viu-se afligida por um monstro, que assolava as estradas e era chamado de Esfinge. Tinha a parte inferior do corpo de leão e a parte superior de mulher e, agachada no alto de um rochedo, detinha todos os viajantes que passavam pelo caminho, propondo-lhes um enigma, com a condição de que passariam sãos e salvos aqueles que o decifrassem, mas seriam mortos aqueles que não conseguissem encontrar a solução. Ninguém conseguia decifrar o enigma, e todos haviam sido mortos. Édipo, sem se deixar intimidar pelas assustadoras narrativas, aceitou, ousadamente,o desafio.
- Qual é o animal que de manhã anda de quatro pés, à tarde com dois e à noite com três? – perguntou a Esfinge.
- É o homem, que engatinha na infância, anda ereto na juventude e com ajuda de um bastão na velhice – respondeu Édipo.
A Esfinge ficou tão humilhada ao ver resolvido o enigma, que se atirou do alto do rochedo e morreu.
A gratidão do povo pela sua libertação foi tão grande que fez de Édipo seu rei, dando-lhe a rainha Jocasta em casamento. Não conhecendo seus progenitores, Édipo já se tornara assassino do próprio pai; casando-se com a rainha, tornou-se marido da própria mãe. Esses horrores ficaram desconhecidos, até que Tebas foi assolada pela peste e, sendo consultado o oráculo, revelou-se o duplo crime de Édipo. Jocasta pôs fim própria vida e Édipo, tendo enlouquecido, furou os olhos e fugiu de Tebas, temido e abandonado por todos, exceto pelas filhas, que fielmente o seguiram, até que, depois de dolorosa peregrinação, ele se libertou de sua desgraçada vida.”
Complexo de Édipo
No final do século XIX e início do século XX, Freud surpreendeu a sociedade européia ao divulgar suas idéias relacionadas à sexualidade infantil. Nelas, determinou que a sexualidade infantil pode ser conhecida através de três fases distintas que podem se manifestar nos primeiros meses de vida ou na fase dos 5 e 6 anos. Primeiramente ocorre a chamada fase oral, quando a criança focaliza seu desejo e prazer no seio materno e na ingestão dos alimentos. Posteriormente ocorre a fase anal, quando o desejo e o prazer são focalizados nas fezes e excreções. Por último, ocorre a fase fálica, quando o desejo e o prazer são focalizados nos órgãos genitais. Na fase fálica surge o complexo de Édipo. Nesse período os meninos focalizam o seu desejo e prazer na mãe e as meninas no pai. É nessa fase também que a criança distingue a diferença dos sexos masculino e feminino e determina sua fixação pela pessoa mais próxima do sexo oposto. A criança, ao desejar o pai ou a mãe, alimenta um conjunto de pulsões formadas pelo id. O superego, que é formado pela razão, pela moral, pelas regras e normas de conduta; busca censurar tais pulsões fazendo com que o id seja impedido de incentivar a satisfação plena da criança. O ego, por sua vez, que é a consciência humana, é incentivado pelos impulsos do id e limitado pelas imposições do superego, o que torna necessário buscar formas de satisfazer o id sem transgredir o superego. O complexo de Édipo em meninos surge pelo desejo sexual pela mãe, a criança vê o pai como ameaça e deseja se livrar dele buscando ainda se identificar com o mesmo. Em meninas, o complexo surge com o desejo de ganhar um bebê do pai e como não consegue se desilude. O complexo de Édipo é derrubado nos meninos pela ameaça da castração, onde pensa que perderá seu pênis. A menina acredita que a castração já ocorreu, já que não mais possui o membro, descartando assim a ameaça.
Material pesquisado por Samuel Gouvêa

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